Webinário com:
Coordenador: Jerônimo Pellegrini
Expositores: Rafael Evangelista (Unicamp), Sergio Amadeu (UFABC), Nina da Hora (Computação Antirracista), Fernanda Rosa (Virginia Tech).
24 de setembro, sexta-feira, a partir das 16h, ao vivo em:
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O cenário de plataformização se intensifica. As plataformas digitais estão se tornando extremamente relevantes não somente na comunicação em rede, nas interações por dispositivos, mas também na Educação, Saúde, Indústria, Trabalho e na agricultura. Essas estruturas se colocam como mediadoras de relações sociais, econômicas e políticas coletando dados da oferta e da demanda de segmentos do mercado. Desenvolvem dispositivos de coleta massiva e permanente de informações que vão convertendo todos os fluxos da vida em dados para a formação de perfis, para a classificação das pessoas, para conseguir melhor capturar sua atenção e modular suas condutas.
Em geral, oferecendo interfaces e serviços gratuitos, as plataformas vão consolidando as estratégias de Big Data e alimentando suas estruturas de Inteligência Artificial, explorando principalmente modelos de aprendizado e máquina e aprendizado profundo. Sua eficácia é inegável e as vantagens para diversas áreas da vida reafirmam sua importância.
Gerenciadas por sistemas algorítmicos, as plataformas, os processos e atividades digitais geram dados em um fluxo contínuo do Sul Global para as Big Techs dos países ricos. Assim, a população da maioria dos países tem seus dados extraídos e tratados por empresas fora de sua jurisdição, sem que possam decidir de modo autônomo sobre seus usos. Empreendimentos, instituições e governos locais utilizam infraestruturas de tratamento de dados das plataformas que passam a aprimorar seus algoritmos, treinados com os dados extraídos globalmente. As barreiras de entrada para se tornar um país inventivo e criativo vão se reduzindo no mundo da IA e das plataformas. O cenário é de grandes assimetrias e de concentração dos fluxos de dados, dos investimentos e do Capital.
O Estado é capturado pela lógica das grandes empresas de tecnologia. Os sistemas adquiridos pelos governos são opacos e sua gestão algorítmica cada vez mais dependente de soluções proprietárias. Além disso, as plataformas transnacionais impõe suas regras aos países e interferem na formação da opinião pública sem sejam democraticamente reguladas. As reivindicações de transparência e abertura de dados são enfraquecidas, enquanto se fortalece o patenteamento de códigos, algoritmos e modelos estatísticos.
Para discutir medidas fundamentais a se adotar nesse cenário com vistas a melhorar a posição do Brasil nesta década é que realizaremos dois encontros. O seu objetivo é contar com a qualidade de seus expositores para reunir proposições que serão fundamentadas em três textos e em um manifesto resultante desse processo.
Os Encontros sobre a ‘Tecnologia no Brasil 2020-2030: plataformização, IA e soberania de dados’ integram o projeto Inovação, desenvolvimento e resiliência para as políticas públicas em São Paulo: um mapa para os desafios entre 2020-2030, realizado pelo Coletivo 660 representado pela Ação Educativa, em convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo para cartografar os multifacetados desafios e turbulências relacionados à emergência socioambiental com os quais o Estado de São Paulo se confrontará, em especial na década de 2020-2030, e as alternativas que se apresentam a eles tendo em mente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).