Introdução
Os Encontros sobre a ‘Tecnologia no Brasil 2020-2030: plataformização, IA e soberania de dados’ integram o projeto Inovação, desenvolvimento e resiliência para as políticas públicas em São Paulo: um mapa para os desafios entre 2020-2030, realizado pelo Coletivo 660 representado pela Ação Educativa, em convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo para cartografar os multifacetados desafios e turbulências relacionados à emergência socioambiental com os quais o Estado de São Paulo se confrontará, em especial na década de 2020-2030, e as alternativas que se apresentam a eles tendo em mente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Objetivo
Analisar o cenário tecnopolítico e propor um conjunto de ações e políticas imprescindíveis em relação as tecnologias digitais, com foco nas plataformas, na inteligência artificial e na soberania de dados que prepare o país para 2030.
Dinâmica
Serão realizados dois encontros multidisciplinares e multi-institucionais. No primeiro seminário, o foco está nas plataformas e na soberania digital e de dados, com vistas ao desenvolvimento tecnológico que beneficie a inteligência coletiva e a inventividade do país. O segundo seminário discutirá a Inteligência Artificial, a propriedade intelectual e as soluções para a democracia. Os dois seminários buscarão integrar a dimensão das diferenças de classe, gênero e raça. Além disso, o foco de cada seminário não impede, nem exclui as áreas de intersecção dos diversos temas.
A técnica de apresentar o que é indispensável ou imprescindível para os próximos anos até 2030 com base na experiência e perspectivas dos expositores permitirá encontrar pontos de consenso para a formulação de proposições para o desenvolvimento e uso da inteligência tecnológica local.
Os convidados das mesas do seminário serão orientados a apresentarem as questões que consideram mais decisivas e mais importantes em seu tema. Cada convidado apresentará suas considerações em 20 minutos. Em seguida, haverá uma segunda rodada de 2 minutos para comentários finais.
Os curadores do seminário enviarão posteriormente para os expositores as perguntas que vierem do público. Elas serão respondidas em um vídeo específico que será gravado pelos curadores com cada um dos participantes. As respostas ficarão à disposição de todas e todos.
Curadores dos seminários: Sergio Amadeu da Silveira (Política Tecnológica), Cláudio Penteado (Políticas Públicas), Jerônimo Pellegrini (Ciência da Computação), integrantes do Laboratório de Tecnologias Livres da UFABC.
O cenário de plataformização se intensifica. As plataformas digitais estão se tornando extremamente relevantes não somente na comunicação em rede, nas interações por dispositivos, mas também na Educação, Saúde, Indústria, Trabalho e na agricultura. Essas estruturas se colocam como mediadoras de relações sociais, econômicas e políticas coletando dados da oferta e da demanda de segmentos do mercado. Desenvolvem dispositivos de coleta massiva e permanente de informações que vão convertendo todos os fluxos da vida em dados para a formação de perfis, para a classificação das pessoas, para conseguir melhor capturar sua atenção e modular suas condutas.
Em geral, oferecendo interfaces e serviços gratuitos, as plataformas vão consolidando as estratégias de Big Data e alimentando suas estruturas de Inteligência Artificial, explorando principalmente modelos de aprendizado e máquina e aprendizado profundo. Sua eficácia é inegável e as vantagens para diversas áreas da vida reafirmam sua importância.
Gerenciadas por sistemas algorítmicos, as plataformas, os processos e atividades digitais geram dados em um fluxo contínuo do Sul Global para as Big Techs dos países ricos. Assim, a população da maioria dos países tem seus dados extraídos e tratados por empresas fora de sua jurisdição, sem que possam decidir de modo autônomo sobre seus usos. Empreendimentos, instituições e governos locais utilizam infraestruturas de tratamento de dados das plataformas que passam a aprimorar seus algoritmos, treinados com os dados extraídos globalmente. As barreiras de entrada para se tornar um país inventivo e criativo vão se reduzindo no mundo da IA e das plataformas. O cenário é de grandes assimetrias e de concentração dos fluxos de dados, dos investimentos e do Capital.
O Estado é capturado pela lógica das grandes empresas de tecnologia. Os sistemas adquiridos pelos governos são opacos e sua gestão algorítmica cada vez mais dependente de soluções proprietárias. Além disso, as plataformas transnacionais impõe suas regras aos países e interferem na formação da opinião pública sem sejam democraticamente reguladas. As reivindicações de transparência e abertura de dados são enfraquecidas, enquanto se fortalece o patenteamento de códigos, algoritmos e modelos estatísticos.
Para discutir medidas fundamentais a se adotar nesse cenário com vistas a melhorar a posição do Brasil nesta década é que realizaremos dois encontros. O seu objetivo é contar com a qualidade de seus expositores para reunir proposições que serão fundamentadas em três textos e em um manifesto resultante desse processo.
Primeiro seminário
O primeiro seminário ocorrerá no dia 24 de setembro, sexta-feira, das 14h30 às 17h, em:
https://www.facebook.com/acaoeducativa
https://www.youtube.com/user/acaoeducativa
Plataformas digitais: o que incentivar, o que limitar e o que vetar. (14h30 – 16h)
Coordenador: Cláudio Penteado
Expositores: André Lemos (UFBA), Rafael Grohman (Digital Labour), Larissa Parker (Grain AL), Helena Martins (Telas UFC)
Inteligência local, soberania digital e soberania de dados (16h – 17h30)
Coordenador: Jerônimo Pellegrini
Rafael Evangelista (Unicamp), Sergio Amadeu (UFABC), Nina da Hora (Computação Antirracista), Fernanda Rosa (Virginia Tech).
O segundo seminário ocorrerá no dia 14 de outubro, quinta-feira, das 14h às 17h, também nas redes da Ação Educativa. Os temas debatidos serão:
Inteligência Artificial, democracia e regulação
Devemos apostar em tecnologias livres diante das infraestruturas de IA